terça-feira, 31 de julho de 2012

Trabalhando com recompensas

Você já viu aquele cachorro que só se comporta, (ou só faz um truque) se ver um petisco na mão?
Muita gente tem esse problema e eu sei que é muito frustrante, por causa disso, resolvi escrever aqui o que eu aprendi nesses anos de "luta" contra esse problema!
É importante entendermos porque os cães não fazem o que pedimos mesmo quando nós sabemos que ele já aprendeu o comportamento e faria se estivesse vendo a recompensa.
O que acontece é que o cachorro, que não é nada bobo, precisa de um bom motivo para se concentrar e fazer o que pedimos dele, e nesse caso, aprendeu que se ele não está vendo uma recompensa, é porque ele não será recompensado (parece óbvio, mas é importante! hahaua). Vale lembrar que cães não são bons em generalizar as coisas, significa que um "fica" (exemplo) no quintal não é a mesma coisa que um fica no parque, assim como não é a mesma coisa do que um fica com a sua mão vazia ou sem cheiro de petisco!    Para mudarmos essa situação teremos que convencer o cão de que mesmo sem nada a vista ele pode se recompensado, é como se nós fossemos mágicos e tiramos recompensas do nada!
Para isso, coloque um petisco numa bancada próxima e finja estar com ele na mão, peça um comportamento fácil, como senta. Depois que ele sentar mostre a mão vazia e imediatamente pegue o petisco da bancada, isso ensina que a recompensa não precisa estar na sua mão!
Depois de algumas repetições, aumente a distância entre você e o petisco e repita o exercício em diferentes lugares.
O segredo para trabalhar sem petiscos ou brinquedos é ir diminuindo gradualmente a presença e a intensidade da recompensa, ou seja, um comportamento que antes o animal só fazia por uma salsicha, com repetição ele pode responder apenas com um pellet de ração, depois carinho por exemplo porque ele já repetiu tantas vezes que o comportamento se torna fácil ou mais "barato". 
 Outra tática é tornar a recompensa uma surpresa, o animal nunca sabe com o que será recompensado ou quando o será, as vezes aparece uma bolinha, um frisbee, um papel, saco plástico, carinho,salsicha e etc, quanto mais variado melhor. 
Muitas vezes ele será recompensado, e em outras ele não será, isso ensina o animal a lidar com as frustrações e trabalhar mesmo sem a presença da recompensa. 
A ideia é que, com muita repetição, o comportamento se torna tão "araizado" que ele faz quase que automaticamente, muitos cães bem treinados sentam quase que em qualquer lugar, sem a presença de recompensa.
O grande problema é que  falando parece fácil, mas na prática é mais difícil "eliminar" a recompensa, isso custa tempo, habilidade, dedicação e muitas repetições.
O Simba por exemplo aprendeu a fazer muitos comportamentos sem petiscos, mas com certeza ele faz bem mais "lerdamente" e bem mais "desleixado" do que seria com uma recompensa. O que eu tento para melhorar isso é fazer uma troca como: você pode cheirar o matinho se me der a pata ou pode conhecer o outro cachorro se fizer truque X, ou se ficar do meu lado. 
Outra ideia muito legal para os cães aprenderem a prestar atenção em nós e fazer o que queremos deles é o "Nada na vida é de graça", ou seja, pra qualquer coisa que o cão quiser ele vai ter que "trabalhar" pra conseguir, significa que se ele quiser o almoço, vai ter que sentar/dar a patinha (exemplo), se ele quer sair pro quintal vai ter que esperar ser liberado e etc. Essa "filosofia" é especialmente útil para aqueles cães mimadinhos que acham que podem fazer tudo o que quiserem.
Um video legal sobre isso é esse da Jean Donaldson, onde ela fala sobre motivação e recompensas, o problema é que está em inglês, so sorry guys!


E vocês? sabem de mais técnicas para motivar cães e diminuir a intensidade de recompensas? 
Espero ter ajudado!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Copa Paulista

Não é o Simba (mas bem que podia ser!  =D)
Ontem acordei cedo, coloquei a caixa de transporte no carro e fui com a minha mãe e o Simba para Cotia,  aproveitar a copa paulista para conhecer a Dog World, que eu sempre quis visitar!
A viagem foi uma aventura muito engraçada, primeiro que o Simba ficou louco dentro da caixa de transporte, minha mãe achou que ele ia ter um ataque do coração e eu aumentei o som do rádio e só fiquei esperando que ele não ficasse a viagem toda se debatendo e reclamando, felizmente ele deve ter percebido que não adiantava nada o escândalo e ficou quietinho. 
Chegando em Cotia ficamos igual barata tonta procurando o Dog world, o pior é que era super fácil, nós é que somos duas perdidas hahaha 
Achei fantástico a competição, nunca tinha visto à vivo e a cores uma prova de agility, foi bem melhor do que os videos no youtube huahau! 
Até deu pra ficar com um friozinho na barriga pelas pessoas que estavam se preparando pra entrar, e eu queria estar lá também com o Simba competindo! 
Adorei ter conhecido pessoalmente o Daniel e a Carol e tantas outras pessoas e cães que eu só conhecia pela internet!!
Nunca vi tanto Border Collie junto, lindoos! mas gostei de ver que outras raças também participaram,e eu adorei os goldens!
Achei que o Simba ia ficar doidinho com tanta gente e cães correndo e caixas de transporte, e cheiros novos, mas que nada, ele ficou super tranquilo!
Infelizmente tivemos que voltar cedo, mas valeu muito a pena! 
Se a viagem de ida foi engraçada, a de volta foi cômica! Nos perdemos mais ainda em São Paulo, (alguém aí ficou comovido e quer nos doar um gps? =D )
Eu sei que eu sou um pouco neurótica (mal de estudante de veterinária?), mas mesmo com o ar condicionado no máximo, eu só estava com medo do Simba entrar em hipertermia lá atrás...
Como que vocês que passeiam sempre com cães no carro fazem para que eles não fiquem muito estressados? 
Eu não sei até que ponto o Simba se estressou com a viagem, mas acho que ele gostou de ter visto a pista de agility, os cães e tantas pessoas que amam cães!
Minha mãe foi uma fofa de ter me acompanhado e deixado de lado o sagrado jogo de tênis com as amigas! 
Agora que eu já sei o caminho (Acho que agora eu aprendi! hauha), estou morrendo de vontade de treinar agility de verdade, chega de saltos e slaloms improvisados! 
Não sei se na Dog world, por ser meio longe, mas estou com algumas ideias, se der certo eu conto aqui!
 quem sabe agora vai??  =D

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Suborno, Recompensa e bridão

Outro dia conversei com um especialista em comportamento sobre reforço positivo, perguntei se o "método" é usado atualmente para cavalos e qual  era a opinião dele sobre o assunto,
ele me respondeu que não usava reforço positivo nos cavalos dele, nem no cachorro, nem nos filhos, isso porque para ele o reforço positivo na forma de alimento, por exemplo, consiste em um suborno e o animal passa a ser quase que um mercenário. Para ele a melhor coisa é criar uma relação de parceirismo e confiança, de forma que o animal queira trabalhar conosco. No adestramento de cavalos é massivamente usado o reforço negativo.
A resposta dele me fez pensar muito  e eu estou super curiosa pra saber a opinião de vocês.
Admiro muito essa pessoa, porém eu me questiono se o animal realmente trabalha por parceirismo ou porque estamos fazendo pressão. Mesmo que nós aliviemos essa pressão, ela ainda está lá, como o animal vai gostar de trabalhar com o ser humano?  
Não apenas essa pessoa, mas eu já ouvi muita gente criticando o reforço positivo por acharem que se trata de um "suborno", mas será mesmo?
Eu não sou nenhuma especialista em behaviorismo/ etologia, mas vou passar a minha opinião, então por favor me ajudem demonstrando a opinião de vocês ou se for o caso me corrigindo, afinal, essa é apenas o que eu penso baseado no que eu já li e vi a respeito.
 "O que difere um reforço positivo de um reforço negativo é que o primeiro consiste em adicionar um estímulo reforçador no ambiente e o segundo consiste em retirar um estímulo aversivo." 
Por exemplo, se toda vez que seu animal vier quando chamado e você der  um petisco ou brincar com ele, provavelmente ele vai repetir esse comportamento porque associou como algo agradável.
Por outro lado, se você colocar pressão com a sua perna esquerda  no seu cavalo ele irá fugir da pressão indo para a direita, isso é um reforço negativo porque ele é recompensado com a retirada da pressão.
O problema do reforço negativo é que a presença do estímulo é necessariamente aversiva, se não, não funcionaria. 
Eu sei que estamos falando de dois animais muito diferentes, o cão que é um predador e foi pesadamente selecionado para aceitar o ser humano e o cavalo, que é uma presa e é de sua natureza fugir do homem. Porém imagino que muitas coisas podem ser extrapoladas para ambas espécies e para o humano também. 
      O Reforço positivo tem a grande vantagem de ser agradável para o animal, mas como já foi mencionado, é necessário a presença da recompensa, pelo menos nas fases iniciais.
Isso é treinar um animal para ser mercenário?? 
A minha opinião é que ninguém trabalha de graça, sempre há uma intenção por trás, principalmente mesmo com nós humanos. Um exemplo disso é um texto que eu li que dizia que quando fazemos caridade estamos buscando nos sentir bem com isso, mas não vamos entrar nessa parte de psicologia que e não tenho conhecimento nenhum. 
Com os animais não seria muito diferente,  o seu cão dificilmente vai fazer alguma coisa pra você simplesmente porque ele te ama, por mais que nós quisermos. Existem cães que trabalham muito bem por carinho, mas são mais raros (e mesmo assim existe o interesse do carinho).
Eu não acredito em " Meu cão tem que fazer o que eu mando porque eu sou o alfa!" nossos cães tem sim que ter limites, mas eles não vão fazer nada porque  você é o "dominante". Eu sinceramente acho que isso  não existe.
Como naturalmente os animais vão buscar seus interesses,  não vejo porque não utilizar recompensas no treinamento, pelo menos para os cães. 
Eles se sentem bem fazendo o que nós queremos, e para mim isso é fundamental e suficiente.
O importante é aprendermos a diminuir os petiscos até que possamos trabalhar com recompensas que estarão sempre conosco, como carinho e nossa atenção. Dessa forma é possível melhorar nossa relação com nossos cães e  não nos tornar "saquinhos de ração ambulante", no próximo post vou falar sobre as estratégias que eu conheço e que nos ajudam a fazer isso, então aguardem! ;]
 No caso do reforço negativo, temos o problema de ter o estímulo aversivo presente, imagino que se não tivesse um cara tocando com a perna e fazendo pressão na boca, o cavalo não iria escolher dar a volta no tambor ou correr. O pasto e o rebanho seriam muito mais interessantes. 
Não acho que esses comandos sejam excessivamente estressantes para o animal, não vejo como maus tratos nem nada assim, só estou dizendo que se trata de reforço negativo. 

Não sei bem como se trabalha com reforço negativo, se com o tempo se remove o estímulo, mas posso dizer que prefiro dar petiscos de mais do que trancos de mais.

pelo que me falaram, estudos comprovam que R- é o melhor método para equinos. Não vejo porque funcionaria melhor com os cavalos do que com outros animais, talvez pela maneira de comunicação dos equinos (que não são muito delicados! ), se alguém souber por favor me explique! 
O que eu queria saber também é se existe algum método de adestramento de animais sem o uso de recompensas ou estímulos aversivos e que se baseie apenas na vontade do animal de trabalhar conosco e criar uma parceria ou na vontade dele de aprender, imagino que isso seria o ideal, mas enquanto eu não conheço nada do tipo (se alguém souber por favoor me mostre) eu fico com o bom e velho clicker e recompensa.



terça-feira, 10 de julho de 2012

Novos truques!

Finalmente chegaram as tão esperadas férias, depois de 3 semanas cheeias de provas, nem acredito!
Só não estou mofando em casa porque estou fazendo uma matéria optativa de equideocultura em Botucatu.
Amei o primeiro dia, de manhã aprendemos sobre a evolução da espécie equina e a tarde montamos a pêlo, quer dizer, sem sela, nem rédeas, na "raça"! =D 
achei o máximo, principalmente porque eu já estava a um ano sem montar a cavalo e morrendo de saudades!
mas mudando de assunto, eu fiz um video com alguns truques e exercícios novos que eu e o Simba estamos treinando, e os baldes e cabos de vassoura estão de volta para o nosso agility caseiro! hahaa
Tive uma ideia meio doida pra treinar slalom, doida porque eu nem sei se alguém treina assim, na verdade nem sei se vai dar certo!   
A ideia foi treinar com shaping e back chaining, começando com as duas ultimas "barras" (no caso baldes, mais improvisado impossível huahua ) e ir adicionando as outras, será que dá certo? alguém já tentou? 
eu sei que tem maneiras mais fáceis, mas eu quis inventar!