quarta-feira, 17 de abril de 2013

Doenças Valvulares adquiridas

Olá leitores!
Depois de um longo período de inatividade do blog, hoje venho falar para vocês sobre uma das doenças cardíacas que mais frequentemente afetam cães.
Espero com isso chamar a atenção dos donos sobre o que pode estar acontecendo com seus cães e informa-los para possíveis situações em que seja necessário buscar o auxílio de um médico veterinário para assegurar a saúde de seus animais.
Se você tem um poodle miniatura ou toy, dachshund ou qualquer outra raça com menos de 12 kg e com mais de 10 anos as chances são grandes dele (a) ter Endocardiose ou Doença valvular crônica degenerativa.
Esta doença tem a incrível prevalência de 75 a 80% das doenças cardiovasculares e acomete cães principalmente de pequeno porte (com excessão do Cocker spaniel que também é bastante acometido) e por se tratar de uma doença degenerativa, observaremos a doença em animais mais velhos ( principalmente depois dos 10 anos). A doença progride com o tempo e pode levar a insuficiência cardíaca congestiva, quando o coração falha em bombiar sangue para o corpo e passa a acumular esse sangue  nos pulmões, levando ao comprometimento pulmonar (edema pulmonar), ou leva ao aparecimento de inchaço no abdomen (ascite).
O sangue passa dos átrios para os ventrículos (que são as câmaras cardíacas) através da abertura e fechamento de válvulas atrioventrículares para daí ir circular nos pulmões ou no resto do corpo. O que acontece com o passar dos anos nessa doença é uma degeneração dessas válvulas que se tornam mais espessas  e menos elásticas, de forma que o sangue que deveria seguir o caminho átrio-> ventrículo, ao chegar no ventrículo volta para o átrio e quando o médico for avaliar o coração vai ouvir um sopro que podem ser de graus variados conforme a progressão da doença.  Com o passar do tempo esse refluxo de sangue vai prejudicar  funcionamento cardíaco levando ao quadro de edema pulmonar se for do lado esquerdo (válvula mitral) ou a distenção abdominal e aumento do fígado, se o refluxo for no lado direito.
Os animais com a doença apresentam tosse seca, normalmente noturna, aumento da frequência respiratória, desmaios, intolerância aos exercícios, lingua e mucosas roxas (cianose), aumento do abdomen, emagrecimento progressivo (cachorro magro e barrigudo).
Para o diagnóstico da doença é importante o exame físico (auscultação dos sopros, cianose, pulso fraco e rápido), raio X do tórax (com pelo menos duas posições), avaliação da pressão arterial e exame ecocardiográfico.
A doença uma vez instalada tende a apenas progredir, por isso os cães de raças pequenas e idosos devem ser rotineiramente avaliados na tentativa de descobrir o mais cedo possível a doença e assim diminuir a progressão da mesma e assegurar a melhor qualidade de vida.
Visando o tratamento da doença é importante o controle do peso, caso o animal esteja gordinho, evitar exercícios intensos ou muita agitação (por exemplo quando chegar em casa não estimular mais ainda a agitaçao do cão), diminuir a ingestão de sal, com rações para cardiopatas ou retirar as guloseimas e restos de comida humana.
Podem ser necessários diuréticos, inibidores da ECA, agentes inotrópicos positivos, e antiarrítmicos dependendo do caso, suplementação de oxigênio, vasodilatadores, sempre com a indicação e supervisão de um médico veterinário.
Vou contar um caso clínico para ilustrar:  a Xeli, minha cadela tinha a doença bem avançada. Olha só, ela era de uma raça predisposta e idosa. Ela tinha um sopro grau 5 (muito alto mesmo), tinha ambos raio x e ecocardiograma bastante sugestivos da doença, com ambas as válvulas acometidas. Mas mesmo assim corria, brincava, tinha boa condição corporal e repirava bem, isso por que o organismo consegue se estabilizar e viver bem com a doença por um bom tempo, o problema é quando esse sistema é  descompensado por outra enfermidade ou estresse, aí pode aparecer a insuficiência cardíaca.