quarta-feira, 16 de novembro de 2011

BERA

Oi gente! já estava ficando com saudades de escrever aqui no blog!
Nesse post eu falei sobre a anatomofisiologia da audição e, como prometido, hoje vou falar sobre o BERA e sobre o meu projeto de iniciação científica.

O BERA, ou Potencial Auditivo Evocado de Tronco Encefálico é um teste eletrodiagnóstico não invasivo que capta e registra a atividade elétrica da via auditiva desde a cóclea até o tronco encefálico, proveniente da estimulação da orelha por meio de um estímulo sonoro em forma de cliques.
O estímulo sonoro captado pela orelha é transformado na cóclea em estímulo elétrico que viaja pelo Nervo Vestibulococlear gerando um potencial que será captado pelo aparelho e transformado em um traçado.
O teste é feito colocando-se eletrodos subcutâneos (semelhantes a agulhas de acupuntura) em posições específicas da cabeça do animal enquanto que fones de ouvidos emitem estímulos sonoros como cliques.
é rápido e indolor e os cães normalmente não se incomodam com os eletrodos.
Esse é o mesmo teste feito em recém nascidos na Medicina Humana, mas pode ser realizado em qualquer espécie animal, no meu caso estudamos em cães.
 Ele é utilizado para diagnosticar déficits de audição, como surdez unilateral e bilateral e surdez congênita, comum em algumas raças caninas como o dálmata e boxer.
Acredita-se que a surdez congênita está associada à pelagem branca e à coloração azul dos olhos.
O BERA também é utilizado para se estudar o limiar auditivo de animais e a ototoxidade de medicamentos.
Traçado Típico
   Um traçado típico de um cão que ouve bem apresenta 4 ondas, são elas as ondas I, II, III e V (a onda IV dificilmente pode ser diferenciada da onda III,normalmente aparecem juntas em cães)
cada uma dessas ondas está associada a uma estrutura do tronco encefálico, a falta, atraso ou alteração de alguma das ondas pode ser indicativo de lesão, como um tumor ou uma otite que impeça o percurso do estímulo sonoro até a cóclea (nesse caso normalmente observamos atraso no aparecimento das ondas).
O aparelho consegue diferenciar a atividade elétrica proveniente da via auditiva e descartar interferências como a contração de um músculo por exemplo, porém no caso de um animal muito agitado ou tenso o traçado não vai ficar bom de ser analisado, para esses casos recomenda-se a sedação.
No meu projeto procuramos estudar se a sedação vai interferir no BERA, para tanto fazemos o teste nos cães acordados e depois sedados e comparamos o tempo de aparecimento de cada onda para analisarmos se houve qualquer alteração.
Surdez Unilateral
A sedação é feita com a administração intramuscular de 0,05 mg/kg de Acepromazina e 0,5 mg/kg de Morfina
as sedações tem sido muito boas, e os cães voltam rapidamente.
Os cães utilizados no projeto são de proprietários que nos autorizaram realizar o teste nos animais e do canil da faculdade.
Fizemos em 10 cães, faltam mais 6 animais, porém até agora, não observamos alterações significativas nos exames, indicando que a sedação não interfere no exame.
Participar desse experimento tem sido uma experiencia muito valiosa para mim, tenho aprendido a calcular as doses e administrar os fármacos, tenho estudado bastante a anatomofisiologia da audição, como se realiza o BERA, e como funciona a pesquisa científica.

Os testes são realizados na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP de Botucatu.
 Se você tiver um cão jovem, de qualquer raça, em Botucatu ou Região e quiser participar da pesquisa por favor entre em contato comigo, ficarei imensamente agradecida pela ajuda!
Para mais informações é só acessar este site 

2 comentários:

  1. Eu ia adorar levar o Barum e a Luna pra participar dos testes !!! Pena que eu moro tão longe ! Eu posso dizer que quando é do interesse deles, eles escutam tudinho, mas quando não interessa se fazem de surdos...
    Beijos
    Laís

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  2. Que legal esse post! Como Fonoaudióloga eu só conhecia o BERA pra pessoas e na minha santa ignorância nunca pensei que se fazia em cães rss! Valeu pela info!

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