Olá leitores!
Depois de um longo período de inatividade do blog, hoje venho falar para vocês sobre uma das doenças cardíacas que mais frequentemente afetam cães.
Espero com isso chamar a atenção dos donos sobre o que pode estar acontecendo com seus cães e informa-los para possíveis situações em que seja necessário buscar o auxílio de um médico veterinário para assegurar a saúde de seus animais.
Se você tem um poodle miniatura ou toy, dachshund ou qualquer outra raça com menos de 12 kg e com mais de 10 anos as chances são grandes dele (a) ter Endocardiose ou Doença valvular crônica degenerativa.
Esta doença tem a incrível prevalência de 75 a 80% das doenças cardiovasculares e acomete cães principalmente de pequeno porte (com excessão do Cocker spaniel que também é bastante acometido) e por se tratar de uma doença degenerativa, observaremos a doença em animais mais velhos ( principalmente depois dos 10 anos). A doença progride com o tempo e pode levar a insuficiência cardíaca congestiva, quando o coração falha em bombiar sangue para o corpo e passa a acumular esse sangue nos pulmões, levando ao comprometimento pulmonar (edema pulmonar), ou leva ao aparecimento de inchaço no abdomen (ascite).
O sangue passa dos átrios para os ventrículos (que são as câmaras cardíacas) através da abertura e fechamento de válvulas atrioventrículares para daí ir circular nos pulmões ou no resto do corpo. O que acontece com o passar dos anos nessa doença é uma degeneração dessas válvulas que se tornam mais espessas e menos elásticas, de forma que o sangue que deveria seguir o caminho átrio-> ventrículo, ao chegar no ventrículo volta para o átrio e quando o médico for avaliar o coração vai ouvir um sopro que podem ser de graus variados conforme a progressão da doença. Com o passar do tempo esse refluxo de sangue vai prejudicar funcionamento cardíaco levando ao quadro de edema pulmonar se for do lado esquerdo (válvula mitral) ou a distenção abdominal e aumento do fígado, se o refluxo for no lado direito.
Os animais com a doença apresentam tosse seca, normalmente noturna, aumento da frequência respiratória, desmaios, intolerância aos exercícios, lingua e mucosas roxas (cianose), aumento do abdomen, emagrecimento progressivo (cachorro magro e barrigudo).
Para o diagnóstico da doença é importante o exame físico (auscultação dos sopros, cianose, pulso fraco e rápido), raio X do tórax (com pelo menos duas posições), avaliação da pressão arterial e exame ecocardiográfico.
A doença uma vez instalada tende a apenas progredir, por isso os cães de raças pequenas e idosos devem ser rotineiramente avaliados na tentativa de descobrir o mais cedo possível a doença e assim diminuir a progressão da mesma e assegurar a melhor qualidade de vida.
Visando o tratamento da doença é importante o controle do peso, caso o animal esteja gordinho, evitar exercícios intensos ou muita agitação (por exemplo quando chegar em casa não estimular mais ainda a agitaçao do cão), diminuir a ingestão de sal, com rações para cardiopatas ou retirar as guloseimas e restos de comida humana.
Podem ser necessários diuréticos, inibidores da ECA, agentes inotrópicos positivos, e antiarrítmicos dependendo do caso, suplementação de oxigênio, vasodilatadores, sempre com a indicação e supervisão de um médico veterinário.
Vou contar um caso clínico para ilustrar: a Xeli, minha cadela tinha a doença bem avançada. Olha só, ela era de uma raça predisposta e idosa. Ela tinha um sopro grau 5 (muito alto mesmo), tinha ambos raio x e ecocardiograma bastante sugestivos da doença, com ambas as válvulas acometidas. Mas mesmo assim corria, brincava, tinha boa condição corporal e repirava bem, isso por que o organismo consegue se estabilizar e viver bem com a doença por um bom tempo, o problema é quando esse sistema é descompensado por outra enfermidade ou estresse, aí pode aparecer a insuficiência cardíaca.